Que tal a ideia de, no futuro, nossos meios de transporte, a iluminação de nossas casas e ruas, nossa comida, e tudo aquilo do qual dependemos de energia, serem alimentados por hidrogênio?
Se você não conhece a vantagem disso, saiba que este é um combustível poderoso limpo, por excelência.
“Sua queima na presença de oxigênio produz água, a mais inofensiva molécula que podemos liberar na atmosfera”, nos ensina Fernando Reinach, Professor titular de Bioquímica na Universidade de São Paulo (USP), em recente matéria no Jornal O Estado de São Paulo.
O hidrogênio tem três vezes mais energia do que a gasolina, por exemplo.
Técnicas recentes para a produção em larga escala e a um preço baixo tem avançado, já que o custo da produção tem sido o principal impeditivo para seu uso.
Dispositivos que possam ser alimentados por energia solar, coletem água a partir da umidade do ar ambiente e forneçam hidrogênio, têm sido um sonho para pesquisadores, engenheiros e ambientalistas há décadas.
Fotossíntese artificial
Marina Caretti e colegas da Escola Politécnica Federal de Lausanne, na Suíça, desenvolveram um sistema engenhoso, mas simples, que combina a tecnologia dos semicondutores usados na eletrônica e nas células solares com novos eletrodos para quebrar as moléculas de água em oxigênio e hidrogênio.
A grande inovação está exatamente nesses eletrodos (foto acima), que têm duas características principais: Eles são porosos, para maximizar o contato com a água no ar, e são transparentes, para maximizar a exposição à luz solar do revestimento semicondutor.
O conjunto usa a energia solar para quebrar as moléculas de água presentes na umidade normal do ar, produzindo hidrogênio. Por isto, o mecanismo pode ser enquadrado na categoria da fotossíntese artificial, já que imita o modo como as plantas transformam a luz solar em energia química usando o dióxido de carbono do ar.
Revestidos com o material semicondutor coletor de luz, o mesmo das células solares, os eletrodos transparentes de difusão de gás de fato funcionam como uma folha artificial, coletando água do ar e usando a luz solar para produzir gás hidrogênio.
Painel de fotossíntese artificial
A segunda novidade veio pelas mãos de Peng Zhou e colegas da Universidade de Michigan, nos EUA, que construíram um novo tipo de painel solar também imitando a fotossíntese.
Como opera ao ar livre, e não em condições controladas de laboratório, o protótipo representa um grande salto na tecnologia, sendo quase 10 vezes mais eficiente do que experimentos solares de divisão de água desse tipo.
Os próximos desafios que a equipe pretende enfrentar são melhorar ainda mais a eficiência e obter hidrogênio de pureza alta o suficiente para que ele possa ser injetado diretamente nas células de combustível, produzindo eletricidade.
O aquecimento global e nossas formas de produzir energia
As notícias sobre o aquecimento do planeta e a responsabilidade da humanidade nesse processo são alarmantes.
A produção de energia através dos combustíveis fósseis, da queima de carvão, hidrelétricas, entre outras, representam grandes ameaças para todas as formas de vidas.
Portanto, terminamos esse texto aqui com um convite do professor Reinach: “Imagine um carro que se mova usando hidrogênio produzido a partir de água e luz solar e que emita pelo escapamento somente água. Agora é esperar e torcer para que essa descoberta científica seja convertida em uma tecnologia que possa ser consumida por toda a humanidade”.
Se você quer saber mais, indicamos as fontes do nosso texto: Estadão (apenas para assinantes), Inovação Tecnológica, ou BBC Brasil
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